Estava
de mãos atadas, pés alados e coração mal criado a
retumbar em peito. Fazia um sol danado na rua, mas o ar
condicionado daquela lanchonete fazia tudo parecer mais frio do que realmente
era. Me agradava isso.
— Estou atrasada?
— Na verdade está, mas esquece.
— Já que pede com tanto amor. Ele me sorriu, tinha esquecido o quão hipnótico
aqueles lábios vermelhos me eram.
— Tu sempre demoras. — falou ele.
— Mentira, tu demoras mais. Fiquei séria.
— Faz quanto tempo?
— Um mês ou dois. — respondi. — Ou
três.
— Ou anos.
— Não, não, são meses.
— É que você gostava de falar sobre três.
— E sobre anos também.
Ficamos em silêncio. Pedi um expresso, ele também.
— Sente? — ele perguntou tocando meu
braço. O mesmo arrepio.
— Muito. — lágrimas queriam cair.
— Não chore está noite, eu ainda te
amo.
— Anda ouvindo Guns N’ Roses?
— Você me deixou
alguns gostos musicais e manias.
— Tá ouvindo Arctic Monkeys?
— Não é pra tanto.
Eu dei uma risadinha melancólica.
— Achou alguma outra morena?
— Não. Ando ficando com loiras. Ele riu.
— Todos fazem isso né, pra
esquecer.
— Eu não te esqueci.
Mordi o canto dos
lábios.
— Nem eu.
— Eu te amo.
— Essa é a continuação daquela nossa
reticência, sabe?
Ele beijou minha
testa.
Eu chorei.
— E o que vai vir depois?
— Não sei. Tava pensando num feliz enquanto
dure.
— Por que não pra sempre?
— O pra sempre nunca dura.
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