domingo, 8 de abril de 2012



Estava de mãos atadas, pés alados e coração mal criado a retumbar em peito. Fazia um sol danado na rua, mas o ar condicionado daquela lanchonete fazia tudo parecer mais frio do que realmente era. Me agradava isso.

— Estou atrasada?

— Na verdade está, mas esquece.

— Já que pede com tanto amor. Ele me sorriu, tinha esquecido o quão hipnótico aqueles lábios vermelhos me eram.

— Tu sempre demoras. — falou ele.

— Mentira, tu demoras mais. Fiquei séria.

— Faz quanto tempo?

— Um mês ou dois. — respondi. — Ou três.

 Ou anos.

 Não, não, são meses.

— É que você gostava de falar sobre três.

— E sobre anos também.

Ficamos em silêncio. Pedi um expresso, ele também.

— Sente? — ele perguntou tocando meu braço. O mesmo arrepio.

— Muito. — lágrimas queriam cair.

 Não chore está noite, eu ainda te amo.

— Anda ouvindo Guns N’ Roses?

Você me deixou alguns gostos musicais e manias.

 Tá ouvindo Arctic Monkeys?

 Não é pra tanto.

Eu dei uma risadinha melancólica.

— Achou alguma outra morena?

— Não. Ando ficando com loiras. Ele riu.

— Todos fazem isso né, pra esquecer.

— Eu não te esqueci.

Mordi o canto dos lábios.

— Nem eu.

— Eu te amo.

— Essa é a continuação daquela nossa reticência, sabe?

Ele beijou minha testa.

Eu chorei.

— E o que vai vir depois?

— Não sei. Tava pensando num feliz enquanto dure.

— Por que não pra sempre?

— O pra sempre nunca dura.

 



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