terça-feira, 10 de abril de 2012

- Cada um tem suas medidas.
- As suas são despropositadas. Você é sempre a mesma. Por otimismo, por ser muito voluntariosa, esconde de si própria a verdade e quando ela salta diante de seus olhos você desaba ou explode.

Simone de Beauvoir - A Idade da Discrição.
"(...) Atos são pássaros engaiolados. Sentimentos são pássaros em voo."
         
               - Mario Quintana.

Melancolia: Palavra que sempre tão gostei, agora era cotidiana assim como todas as outras palavras tristes jogadas no fundo da gaveta. A gaveta. Seja ela mental ou real. Era refugio e um cárcere de tudo aquilo que era dispensável, assim como eu e minha insustentável instabilidade. Estava presa a cama com seu cheiro, e os livros que você lia, estava presa a cada parte da memória que contia você.


domingo, 8 de abril de 2012



Estava de mãos atadas, pés alados e coração mal criado a retumbar em peito. Fazia um sol danado na rua, mas o ar condicionado daquela lanchonete fazia tudo parecer mais frio do que realmente era. Me agradava isso.

— Estou atrasada?

— Na verdade está, mas esquece.

— Já que pede com tanto amor. Ele me sorriu, tinha esquecido o quão hipnótico aqueles lábios vermelhos me eram.

— Tu sempre demoras. — falou ele.

— Mentira, tu demoras mais. Fiquei séria.

— Faz quanto tempo?

— Um mês ou dois. — respondi. — Ou três.

 Ou anos.

 Não, não, são meses.

— É que você gostava de falar sobre três.

— E sobre anos também.

Ficamos em silêncio. Pedi um expresso, ele também.

— Sente? — ele perguntou tocando meu braço. O mesmo arrepio.

— Muito. — lágrimas queriam cair.

 Não chore está noite, eu ainda te amo.

— Anda ouvindo Guns N’ Roses?

Você me deixou alguns gostos musicais e manias.

 Tá ouvindo Arctic Monkeys?

 Não é pra tanto.

Eu dei uma risadinha melancólica.

— Achou alguma outra morena?

— Não. Ando ficando com loiras. Ele riu.

— Todos fazem isso né, pra esquecer.

— Eu não te esqueci.

Mordi o canto dos lábios.

— Nem eu.

— Eu te amo.

— Essa é a continuação daquela nossa reticência, sabe?

Ele beijou minha testa.

Eu chorei.

— E o que vai vir depois?

— Não sei. Tava pensando num feliz enquanto dure.

— Por que não pra sempre?

— O pra sempre nunca dura.

 



domingo, 13 de novembro de 2011

...




Tarde de domingo, a mesma melancolia – culpa da chuva fina. Prostrada na janela vejo o tempo se arrastar, não sinto nada além do frio trazido pelo vento. Sinto-me enraizar ao chão, rego-me com esta chuva de verão. Estou presa nesta melancolia, quem dera eu poder voar.

*-*


Entenda...

"Entenda: não existe amor que não doa. O amor, pra ser amor, precisa ser verdadeiro. E as coisas verdadeiras às vezes machucam." — Clarissa Corrêa

A Senhora...

A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (…) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas…Mas não posso explicar a mim mesma.


Alice no País das Maravilhas